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domingo, 27 de fevereiro de 2011

Pausa pra mais uma festinha

Pra comemorar o niver da Nati, que tinha sido dia 23, um bolinho fofo, com foto dela e da gatinha Mia. A família estava lá, foi hiper gostoso. Além do bolo, o pessoal se deliciou vendo fotos antigas, do noivado da Beth - coisa da década de 70!



sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Licença, retirada dos pontos e Sampa´s home

A licença do trabalho pós cirurgia foi de um mês e a liberação médica pra que eu viajasse pra São Paulo seria 20 dias depois “da faca”. Fui pro consultório do dr. Soares, ele retirou praticamente todos os mais de cem pontos - isso mesmo: CEM PONTOS - e, de lá, eu e a Beth seguimos direto pro aeroporto Juscelino Kubitschek rumo a Sampa.
Só como registro: em Brasília, pode-se dizer que 90% de praças, hospitais, parques, locais públicos e espaços em geral têm o nome Kubitschek - Juscelino ou Sara.

Estátua de Juscelino e Sara Kubitschek em frente ao Memorial JK

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Workaholich: evento na Mútua sobre prevenção do câncer de mama

Todas as datas especiais, como Dia das Mães, dos Pais e Páscoa, entre outras, são marcadas na Mútua por atividades que nós, da Assessoria de Comunicação, Marketing e Eventos (Acme), desenvolvemos pra homenagear os colaboradores. No início de fevereiro, pouco antes da minha cirurgia, começamos a pensar de que forma homenagearíamos as mulheres no Dia Internacional da Mulher (8 de março).
Paralelamente, já tinha pensado em como poderia utilizar a experiência que estava vivenciando pra conscientizar mais mulheres sobre a importância do exame de rotina na prevenção do câncer de mama. De repente, um insight: por que não tratar do tema com as mulheres da Mútua no Dia da Mulher? Nada mais apropriado. Aí tive a idéia de convidar o dr. Farid, meu mastrologista, pra dar uma palestra sobre o assunto.
Conversei com os “filhotes” da Acme e a idéia foi ganhando corpo. Por que não chamar, também, o dr. Anderson, meu oncologista? E, quem sabe, o dr. Renato, médico nuclear do Imeb, pra falar de exames e, mais ainda, eu mesma pra dar um depoimento sobre a experiência? E as idéias iam efervescendo: “vamos fazer camiseta cor-de-rosa pra ser usada no dia e criar uma campanha interna?”. Adorei a ideia do pessoal!
Depois de tudo aprovado pela Diretoria da Mútua, o Hugo e a Carol bolaram o tema, a logomarca e o design da camiseta, enquanto a Rose, Helena, Sara e Juliana desenvolviam folder, textos, ofícios convidando os médicos e as providências pra operacionalização do evento e da campanha. Todos os três médicos convidados toparam na hora!

Eu estava de licença pós-operatória, mas em Brasília, pra acompanhamento médico. A Beth e eu fizemos botons com lacinhos cor-de-rosa - símbolo internacional da campanha de prevenção contra o câncer de mama -, que seriam colocados “no peito” (ou “lapela”, como queiram) do pessoal da Mútua. Achamos bexigas rosas, daquelas compridinhas, que poderiam ser amarradas na forma de laço e decorariam a Mútua. Meio à distância, primeiro em Brasília, depois em Sampa, eu coordenava as ações.
Tudo pronto pro evento, que seria antecipado pro dia 3 de março, pois dia 8 cairia no Carnaval. Interrompi minha licença - já estava me recuperando em Sampa - e segui pra Brasília, só pra dar o meu depoimento e participar do evento.

Continua... no dia 03/03/11

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Visitinhas gostosas

Sou chata e fresquinha, isso é público e notório. Por isso, não queria receber visitas depois da cirurgia. Queria estar ótima antes de receber pessoas queridas em casa (Brasília). Arranjei até briguinhas por isso, ao “proibir”, por exemplo, que a Silvia, Cacá e Zizi saíssem de Sampa pra ficar comigo. Achei que seria muita mão de obra pra elas deixarem suas famílias pra me ver. Afinal, a Beth já estava cuidando de mim. E elas ficaram bem bravinhas com isso, pode?
Outras pessoas queridas que souberam da situação também, carinhosamente, se ofereceram pra estar em Brasília e me mimar. Entre elas a Lili e a Sandra, minhas queridíssimas primas-irmãs, e muitas amigas (prefiro não colocar os nomes, porque corro o risco de me esquecer de alguém - mas é compreensível pelo momento).
* Gente, essa coisa de ter tido câncer te dá a chance de usar isso como desculpa pra um monte de coisa. As pessoas sempre “entendem” seus deslizes e dão todos os descontos possíveis. Então, vou justificar assim todas as minhas falhas, defeitos, esquecimentos... Vocês entendem, né?!
** Viram? Usei de novo e vocês nem perceberam.
Bem, mas eu estava registrando as visitinhas gostosas (foram poucas, por minha culpa). Entre elas, a dos meus afilhadinhos de casamento, Samanta e Alessandro ou “Patinha e Patinho”, com direito a pizza e ótimas conversas.

Os “ex-filhotes” da Gerência de Benefícios também foram me ver. Vejam só o vasão bonito de flores que eu ganhei do Gustavo, Deisi, André e Márcia.


Toda vez que podia, a Bete Rodrigues, amiga e parceira de muitos anos, aproveitava pra me ver em Brasília. Ô dó... chorou quando eu contei que faria químio...



Valeu! Aos que foram e aos que eu não deixei ir... re re re...

ET: Não considerei aqui as constantes presenças da Rose, Sara, Carol, Helena e Rodrigo, que viviam levando almoço, lanche, remédios, documentos e outras coisinhas que eu precisava.
Opa! Quase me esqueço que, logo depois da cirurgia, a Carol, com sua altíssima experiência, marcou ponto em casa durante oito dias, no seu horário de almoço, pra me aplicar uma injeção intramuscular de prevenção contra trombose (até que a "picadinha" dela é suave...). E o “seu” Caio e Assis, que também me socorreram quando eu não podia levar algum documento pra Mútua.

Ah, sim! E a Girlaia... SEMPRE PRESENTE!


“A gente não faz amigos, reconhece-os.” - Vinícius de Moraes

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

On line: linha direta com Mafalda, a mãezona "mUderrrna"

Hoje, não aceito que qualquer pessoa com menos de 70 anos diga que não consegue ou não tem paciência pra aprender nada que se relacione à informática. Minha mãe, que tem 78 anos, está craque em MSN. Aprendeu nesses tempos de cirurgia e tratamento da filha caçulinha, pra poder “me ver”. Ela em Sampa, eu em Brasília.
Conversamos, ela fica tranquila em me ver e matamos a saudade. E ela navega praticamente sozinha: acessa a internet, liga a web cam e, sempre muito linda, aparece na minha telinha, ouvindo e contando as novidades. Viva a tecnologia, que faz com que o carinho da mamãe, quando não presencial, possa ser ao menos virtual! Ajuda muuuuiiiiiito.
A internet também ajuda nas conversas com a Natália e a Isa, as "big sobrinhas".

Webcam de cima: Mafalda e Isa em Sampa; webcam de baixo: Beth (a Big Sister) e eu, em Brasília. Papo no MSN tem tranquilizado a dona Mafalda

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Consultório médico: tipos de quimioterapia


Poliquimioterapia: É a associação de vários citotóxicos (quimioterápicos) que atuam com diferentes mecanismos de ação, sinergicamente, com a finalidade de diminuir a dose de cada fármaco individual e aumentar a potência terapêutica de todas as substâncias juntas. Esta associação de quimioterápicos costuma ser definida segundo o tipo de fármacos que formam a associação, dose e tempo de administração, formando um esquema de quimioterapia.

Quimioterapia adjuvante: É a quimioterapia que se administra geralmente depois de um tratamento principal, como por exemplo, a cirurgia, para diminuir a incidência de disseminação a distância do câncer.

Quimioterapia neoadjuvante ou de indução: É a quimioterapia que se inicia antes de qualquer tratamento cirúrgico ou de radioterapia, com a finalidade de avaliar a efetividade in vivo do tratamento. A quimioterapia neoadjuvante diminui o estado tumoral, podendo melhorar os resultados da cirurgia e da radioterapia e, em alguns casos, a resposta obtida para chegar à cirurgia, é fator prognóstico.

Radioquimioterapia concomitante: Também chamada quimioradioterapia, costuma ser administrada em conjunto com a
radioterapia, com a finalidade de potencilizar os efeitos da radiação ou de atuar especificamente com ela, otimizando o efeito local da radiação.


Fonte: vários sites sobre o tema.

Consultório médico: o que é quimioterapia?

É um dos principais tratamentos para combater o câncer. Ela interfere nas células anormais do câncer, impedindo o seu crescimento e multiplicação desordenados.
Os medicamentos, em sua maioria, são aplicados na veia, podendo, também, ser por via oral, intramuscular subcutânea, tópica e intratecal (no canal raquideano – modo usado apenas caso não haja outras vias disponíveis, por ser muito doloroso).
Esses medicamentos se misturam com o sangue e são levados a todas as partes do corpo, destruindo as células doentes que estão formando o tumor, impedindo que se espalhem pelo corpo e aliviando os sintomas causados pelo desenvolvimento do tumor.
A quimioterapia - ou QT - pode ser indicada antes ou após uma cirurgia ou, ainda, isoladamente, sem que haja indicação cirúrgica. Pode, ainda, ser feita em conjunto com outro tipo de tratamento, como a radioterapia. A indicação do tipo de tratamento a ser feito depende de vários fatores, como o tipo de tumor, localização e estágio da doença.

Reações da quimioterapia
As drogas quimioterápicas têm a vantagem de se distribuir por todos os locais do corpo, atingindo todas as células que estão com problemas. Mas células normais também são atingidas, podendo provocar os chamados efeitos colaterais.

Estes efeitos não são obrigatoriamente apresentados por todas as pessoas, dependem tanto do tipo de drogas utilizadas quanto da forma que o organismo responde ao tratamento. Assim, alguns pacientes podem apresentar efeitos colaterais mais severos enquanto outros podem não apresentar sintoma algum. O médico deve ser informado sobre os sintomas apresentados e seu tempo de duração. A maioria desses sintomas desaparece à medida que o paciente vai se distanciando do final das últimas sessões.


Fonte: vários sites sobre o tema.

Ops! Não escapei da quimioterapia

Vocês se lembram da biópsia do linfonodo sentinela? Muito bem...

O resultado das biópsias do material retirado na cirurgia definiria a forma de tratamento, ou melhor, se eu escaparia ou não da “temida” quimioterapia (QT, pros íntimos).
E as biópsias após a cirurgia, infelizmente, indicaram uma micrometástase do linfonodo sentinela e dois micropontos no mesmo seio, na parte retirada com a mamoplastia. Fiquei sabendo do resultado pelo dr. Farid, que adiantou a necessidade de que eu fizesse a químio. Ele sugeriu a clínica e os médicos oncologistas que definiriam o tipo e o número de aplicações.
Fiquei meio decepcionada com o resultado da biópsia pois, mais uma vez, eu tinha certeza de que não daria nada além do que já tinha dado. De qualquer forma, saí meio que conformada e, pra ser bem honesta, apesar de saber (ou pelo menos imaginar) o que eu teria pela frente, me senti muito mais segura fazendo a químio do que “pagando pra ver”.
Já pra Beth, que estava comigo, foi mais difícil aceitar esse diagnóstico. Ela chorou e eu a consolei...
É impressionante como a palavra QUIMIOTERAPIA assusta. Claro, é um tratamento que não tem nada de agradável, mas a químio, hoje, na maioria dos casos, já não é tão pesada como era num passado recente. Pra minha geração, a primeira associação que se tem com o nome é o filme "Tudo por amor" (1991 - nossa! o filme já tem 20 anos!), em que um jovem passa MUITO mal a cada sessão de químio e o final é meio trágico.

Mas vamos ao que interessa:
vamos ao oncologista!


“Dê a seu corpo uma chance para lutar” - David Servan-Schreiber (autor do best seller 'Anticâncer')

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Breno, o dreno

Quem já precisou usar dreno após cirurgia sabe o desconforto que essa coisa horrorosa provoca. Sim, também causa algumas dores, mas o desconforto realmente é ainda maior. Dormir com aquele treco é o ó! Andar com ele pra lá e pra cá, honestamente, chega a nos tornar meio ridículas. Pra aliviar o “pequeno desconforto” e me enganar psicologicamente, fazendo do “bichinho” um companheiro mais interessante, batizei o “meu” dreno de Breno (algo como... sei lá, a bola Wilson, do Tom Hanks, em Náufrago). Nada de chamar de “cachorrinho”, como normalmente fazem. Se vai andar comigo vários dias, tem de ter um nome, sim.

Mas o Breno afastou alguns amigos. Não por ciúme da nova “amizade”, mas porque, convenhamos, não é uma cena nem um pouco agradável olhar um caninho cheio de sangue e outros quetais nojentinhos descer pra um reservatoriozinho transparente. Se nem eu mesma olhava a cena, o que dirá as pessoas que queriam me visitar. Só mesmo Beth , a big sister, pra encarar o Breno.

O pior é que você tem consultas com o médico durante a convivência com o Breno e, por mais que você coloque o treco num saco ou numa bolsa, nada é tão apropriado a ponto de te deixar à vontade. E é até engraçado nos consultórios ver os “breninhos” todos sendo carregados por suas “donas” das maneiras mais esdrúxulas. Em função disso, Beth e eu queremos desenvolver um porta-Breno fashion. Algo como uma sacolinha especial de TNT, descartável, incluindo um alongamento pro tal caninho. E por que não inserir patrocínio no dito cujo? O porta-Breno pode ter merchandising do hospital, clínica, laboratório, farmácia, medicamento, um montão de opções. Não é uma excelente e possível lucrativa ideia? Ainda não registramos patente. Se alguém se habilitar... queremos só 50% dos lucros.
Este não é o Breno, apenas um parente próximo, sem uso...
e mais limpinho...



“A vida é para quem topa qualquer parada. Não para quem para em qualquer topada.”  Bob Marley

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Beth, a Big Sister

Uma vez a Beth escreveu um depoimento no Orkut, dizendo:
“Deus não podia ter me dado melhor irmã. Generosa, inteligente, bondosa, charmosa, risonha e tantos outros adjetivos legais que nem dá pra escrever tudo... Te amo como irmã, como ser humano e como amiga!”

Pois eu digo exatamente o mesmo! Não sei o que seria de mim se ela não tivesse se dedicado 100% aos cuidados comigo após a cirurgia (e também antes e bem depois e em outras situações). Deixou todas as suas coisas e compromissos em Sampa e ficou mais de 20 dias em Brasília. Banho, comida, curativos, medicamentos, carinho... Parecia uma cuidadora profissional e, em certos momentos, enfermeira, psicóloga, médica... Ela foi fundamental pra minha recuperação.
Importante falar, também, que é nesse tipo de situação que a gente abre mão de alguns conceitos – ou preconceitos. Não sou nem nunca fui orgulhosa. Ok, talvez eu seja um “bucadinho”: não gosto de pedir ajuda, prefiro que me peçam pra eu poder ajudar. Mas tirando esse pequeno “orgulhinho besta”, acho que, no geral, sou uma pessoa do bem, de bom coração e algumas qualidades. E sempre considerei como uma dessas qualidades ser independente. “Amo ser independente”! - Essa foi sempre uma das minhas frases preferidas. Falava isso de "peito aberto" (credo! essa expressão não deveria ser usada aqui). Enfim, a teoria “foi pro saco”!
Valeu, Bé! Valeu MUITO, Bé! Valeu MESMO, Bé! Valeu PACAS, Bé!  re re re...


“A provação vem, não só para testar o nosso valor, mas para aumentá-lo. O carvalho não é apenas testado, mas enrijecido pelas tempestades” - Lettie Cowman

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Cirurgia: medo sim, como não?

Depois daquela “picadinha sem vergonha”, certamente, nada poderia ser pior naquele dia. Sim, havia o medo. Um baita medo, diga-se de passagem. Depois da conversa com o dr. Renato Barra (depois eu conto), até fiquei um pouco mais tranquila, mas ainda estava preocupada com a anestesia geral, afinal, levemente hipertensa, acima do peso e levando uma vida sedentária, eu não tinha exatamente o perfil  da paciente mais almejada por cirurgiões e anestesistas. Sem contar que eu ainda tossia um pouco e ficava imaginando se me desse uma crise de tosse no centro cirúrgico.
Saímos do IMEB, passamos rapidamente em casa pra pegar a parafernália hospitalar (roupa, notebook e otras cositas mas) e fomos pro Hospital Santa Helena. A Carol faria companhia pra Beth durante a cirurgia.
Subi até o andar “x”, que não me lembro qual, e entrei no centro cirúrgico, uma ala bem fria - no sentido térmico da palavra -, com uns 20 leitos de pós-operatório e umas dez salas de cirurgia, uma ao lado da outra. Logo vi o dr. Farid, dr. Soares e a dra. Isabela e me tranquilizei. Troquei de roupa e coloquei um hiper fashion avental cirúrgico amarelo gemada, aquele sapatinho azul frufru com elástico e fui andando até a “minha” sala, onde seria a operação. Lá já estavam o anestesista, instrumentadora e enfermeiras. Achei a sala interessante, com mil equipamentos, mesas de apoio, aparatos... Me senti mais segura.
Fotos para o book
Eu já estava me deitando quando fui interrompida para a “sessão fotos book”, ou seria pra Revista Playmama? Os médicos iriam fazer fotos do “antes”. Desci da cama (maca?) nua em pelo, bem constrangida, eu diria, com aquele povo todo circulando. Aí a dra. Isabela, super fofa, meio que improvisou uma saia com o lençol. Tiradas as fotos, de vários ângulos, voltei pra cama (maca?).
Antes de colocar a máscara de oxigênio com o “sossega leão”, houve um momento em que todos foram para um canto da sala pra conversar ou sei lá o quê. Levantei a cabeça e vi aquela turma de médicos e auxiliares, todos de avental e pensei, olhando aquela imagem, que me remeteu a uma pintura da Capela Sistina: “Essas pessoas com essas roupas claras e compridas estão parecendo anjos, que vieram pra cuidar de mim e me curar”. Nesse momento, me deu uma sensação tão tranquila, mas tão tranquila, que me lembro até de ter dado um sorriso pra mim mesma - e praqueles que certamente estavam espiritualmente comigo - e de ter agradecido por estar tendo a chance que muitos não têm de ser tratada. Bem tratada. Recostei a cabeça relaxada. A dra. Isabela não saiu do meu lado, segurando a minha mão, enquanto eu era sabatinada pelo anestesista e “amarrada” pelos enfermeiros. Paralelamente, ela e o dr. Farid começaram a busca pelo linfonodo sentinela, conforme expliquei em post anterior. O anestesista colocou a máscara e pediu pra eu contar até 10, lentamente. Em vez disso, comecei a rezar, a ouvir o “pi, pi, pi” do aparelho e, beeeem de longe, as vozes do dr. Farid e da dra. Isabela: “acho que está aq...”. E apaguei!
Onde estou? O que aconteceu? É tudo tão estranho...
Fui acordar, sete horas depois, com a meiguice e delicadeza da Dandi (enfermeira da UTI pós-cirúrgica - cunhada da Sara, estagiária de jornalismo da Acme/Mútua) me cobrindo, aquecendo meu pé e perguntando se eu me sentia bem. Incrível, mas depois de uma anestesia de sete horas, eu abri os olhos e disse pra ela: “Você é a Dandi, né?”. Não me perguntem como fui me lembrar até do nome dela, que tinha escutado uma única vez, quando a Sara me contou que era o plantão da cunhada. Curioso, também, foi a minha consciência absoluta da situação em que eu estava. Me lembro bem de ter perguntado até se eu tinha passado pelo esvaziamento axilar, uma preocupação anterior. Ela me disse que não houve o esvaziamento e que estava tudo bem. Mas esse nível de consciência durou pouco.
Não passou muito tempo e fui levada de maca pro quarto onde, eufóricas e ansiosas, estavam Beth e Carol. Aí veio meu estado hiper-grogue. Com a voz rouca, em função de ter sido entubada, pedi pra Carol pegar um tal “batom bordô” (não faço a menor ideia de onde tirei isso) e, ao telefone com minha mãe - que estava em Sampa e que se não ouvisse minha voz ia ter um treco - eu insistia em dizer que “estava no cabeleireiro, com tratamento VIP” – vai entender o efeito pós-anestésico... Abaixo as drogas! re re re...
Depois, soubemos que minha mãe tinha certeza de que, ao telefone, era a Beth imitando a minha voz, só pra tranquilizá-la.
Muitas picadinhas, um dreno, uma sonda, um banho e um curativo depois, tive alta na tarde do dia seguinte, alta dada pelo dr. Nataniel Soares.

“Não tenho medo do escuro... mas deixe as luzes acesas.” - Renato Russo

Biópsia do linfonodo sentinela

A ressecção do LS foi uma cirurgia que fiz paralelamente à quadrantectomia, mamoplastia, colocação de prótese e simetrização, ou seja, foi intra-operatória (callllma! isso tá explicado em outros posts – pelo menos eu acho que sim). Tudo foi realizado como se fosse uma grande cirurgia, englobando esses vários procedimentos. Só não sei exatamente qual a sequência - claro, eu estava anestesiada.
O principal objetivo da biópsia do LS é conservar a axila, evitar o seu esvaziamento. A cirurgia radioguiada possibilita a combinação das técnicas ROLL (Radioguided Occult Lesion Localization) pra marcação de lesões não-palpáveis, com a biópsia simultânea de LS. Parece complicado e técnico demais, né? Mas é simples... pros médicos! O procedimento, aliás, depende da colaboração e interação da medicina nuclear, equipe cirúrgica e patologistas.
Muito bem, após a ressecção (corte/retirada), o linfonodo passa por exames citológico e histopatológico. Isso, óbvio, se houver disponibilidade de equipamento, o que NÃO HOUVE no meu caso, por problemas técnicos. Portanto, a biópsia do sentinela foi feita só depois e o resultado conhecido após cerca de uma semana após a cirurgia. Conto depois essa parte.
Apenas pra concluir a história da delicada “injeçãozinha subareolar” do post anterior...
Quem disser que “é só uma picadinha”, quando falar desse procedimento inicial, vai arder no mármore do inferno, pela mentira deslavada! Re re re... (risada nervosa, só de lembrar).

Consultório médico: o que é o linfonodo sentinela?

O LS é o primeiro gânglio a receber a drenagem linfática proveniente de um tumor. Em caso de metástase axilar, este será o primeiro gânglio comprometido.

A biópsia durante a cirurgia (após a aplicação do contraste nuclear, feita horas antes) é capaz de localizar esse linfonodo para que o cirurgião possa extraí-lo com segurança, de forma menos invasiva, e o patologista possa verificar se há ou não comprometimento metastático. No câncer de mama esse dado pode definir outro procedimento durante a cirurgia: se o linfonodo sentinela for negativo, será evitado o esvaziamento axilar.
Por outro lado, o comprometimento do linfonodo sentinela pode indicar o acometimento de outros gânglios. O linfonodo sentinela permite que se obtenha informação detalhada sobre o status linfonodal com um procedimento pouco invasivo. Se o linfonodo sentinela for identificado e cuidadosamente analisado, ele prediz se a axila está ou não comprometida.

 

Linfocintilografia mamária: a “picadinha” mais dolorida da face da terra!

Chorei. Chorei mesmo quando fiz o exame, na verdade, um procedimento pra identificar possíveis metástases no linfonodo sentinela, também conhecido como LS. Foram 15 minutos (que pareceram duas horas) de verdadeira agonia. O primeiro minuto após a injeção é como se aquilo nunca mais fosse passar – e a sensação é que não passa mesmo, nunca. Um ardor insuportável que percorre o peito até a axila. Imagine um enxame de abelhas africanas enfurecidas, todas te picando no peito. Juro como não estou exagerando. A Beth foi testemunha ocular dessa história.
Cheguei a sonhar com o exame algumas vezes e durante vários dias. Um drama! Preferiria 50 mamografias a essa coisa esdrúxula e doída! E olha que a médica que aplicou a injeção, Isabela Camargo Silvério, do IMEB (onde fiz o exame), é HIPER competente, delicada, atenciosa, uma fofa (na hora da cirurgia foi ela quem me deu o maior apoio e me tranquilizou).
Mas que raio de procedimento é esse, afinal?
Ele é feito horas antes da cirurgia. É uma injeção subcutânea que é aplicada no seio (mais exatamente ao lado da aréola - ui! - o termo é “subareolar”), com uma solução colorida (azul) e radioativa, que percorre os linfos até o sentinela, que fica na axila. Depois disso, é feito o mapeamento do LS, através de cintilografia. Na hora da cirurgia, uma sonda de detecção de raios gama identifica o exato local do sentinela, ajudado, também, pelo mapeamento anterior.
Nessa hora, eu ainda estava acordada. A dra. Isabela e o dr. Farid procuravam na axila, com a ajuda de um “monitor” e uma espécie de caneta, o local onde seria feita a incisão. Quanto mais forte o “pi-pi-pi-pi” do aparelho, mais próximos estavam do linfonodo sentinela. Tinha também um aparelhinho que mostrava na tela a porcentagem de aproximação (ou algo parecido, segundo minha vaga e pré-anestesiada lembrança). Ouvi os dois dizerem “aqui!” e... caí em sono profundo. Ainda bem!
Z z z z z z Z Z Z ...